6: A BABA por jPanda e jPinto


Caríssima Administração da DECO,
Eu, Mário Dias, sou, claro, consumidor e vi serem postos em causa os meus direitos. Porém não sei se justa ou injustamente. Daí expor o meu singelo caso:
Em 3 Maio do presente ano, dirigi-me a uma biblioteca pública nacional, com
vista à leitura e microfilmagem de obras medievais Occitânicas. Quando me
foram entregues os documentos antigos, apresentei o meu certificado de Mestre em Literaturas Clássicas. Deixaram-me manusear, portanto, as folhas referidas. Durante uma hora, filmei, tirei breves apontamentos, e regressei a casa.
No dia 5 (se não estou em erro), ligam-me para casa às 9h da manhã: era uma funcionária da biblioteca ,a dizer-me que, na sequência da minha consulta aos documentos em questão, os mesmos apresentavam manchas, borrões, tinta espalhada em vários locais das inúmeras folhas de precioso conteúdo histórico. Eu disse prontamente que nem caneta tinha levado: tirara os meus apontamentos a lápis. E não tinha sequer tocado com um dedo nas letras dos documentos (apenas nas folhas), e só os houvera filmado. Durante a conversa que tive com a dita funcionária, cheguei abruptamente à conclusão que apenas pode ter sido uma coisa a causar tais borrões e manchas: eu babara-me. Sim: babei-me. O êxtase da contemplação de textos tão valiosos e raros ,aliado à minha tendência genética (?) natural de respirar pela boca
(os meus 43 anos não contam com uma saúde respiratória de ferro...),resultou em que eu me babasse sem dar conta enquanto filmava ( pequenos pingos de baba...).Na altura, a minha baba não provocou borrões imediatos, pelo próprio cariz do pergaminho. Só depois, aquando da junção das folhas todas, e da consequente entrega do documento à funcionária, é que as manchas e os borrões se formaram.
Indo, sumariamente, ao fulcro da questão: é justo ser acusado e ser visto como culpado do dano de tais documentos, que não só são meu objecto de estudo, como alvo da minha paixão profissional? É que exigem de mim uma indemnização muito elevada! E eu considero-me inocente e vítima de exploração. É óbvio que eu não tive a mais pequena intenção de borrar aquelas folhas de literatura occitânica…
Que devo fazer? Como me devo defender?
Agradeço resposta esclarecedora e com a brevidade que for possível
Atenciosamente,
Mário A. Dias

Exm(º) Senhor:
Na sequência da sua comunicação, e através dos dados que transmitiu, não conseguimos verificar a sua condição de sócio.
Nessa medida, agradecemos-lhe que nos dê conhecimento do seu número de sócio através de resposta a este e-mail e juntando o seu primeiro e-mail ou, em alternativa, usando a Linha Azul* 808 200 145, de 2ª a 6ª, entre as 9.00 e as 13.00 e entre as 14.00 e as 18.00 (6ªs feiras só até às 17.00).
Agradecendo desde já a sua colaboração, subscrevemo-nos, com os melhores cumprimentos,
O Serviço de Informação da Deco Proteste
* só paga o custo de chamada local

Caríssima Administração da DECO,
Não posso deixar de realçar a minha estupefacção pelo teor da vossa resposta!!!
Para que a DECO me ajude, eu tenho de ser sócio? Mas estarei eu a remeter a minha dúvida para a DECO ou para o Deco, jogador de futebol que me exige que seja sócio para o responsabilizar pelas más exibições?
O organismo que nos defende, a nós parte fraca das relações contratuais, exige que eu seja sócio e pague quotas para saber da viabilidade dos meus direitos?
Isto é quase como eu estar às portas da morte e os Bombeiros Voluntários de Freixo de Espada à Cinta me exigirem que compre umas rifas de natal para me auxiliar!!!
Vejo me eu agora perante um grande dilema...a quem me vou queixar da DECO?
Não me posso queixar à DECO da DECO porque não sou sócio (apesar de ser um fervoroso adepto de Vexas) e certamente que (não querendo com isto por em causa a vossa imparcialidade) não me dariam razão!
Não sei mesmo o que faça...ainda por cima mesmo que eu fosse sócio e tivesse um número, vocês mandam me juntar o meu primeiro e-mail e eu sinceramente não me lembro do meu primeiro e-mail.
O meu primeiro e-mail já o criei à bastante tempo.
Acho que era Maritobabadito, seguido de um número que não me recordo, depois tinha a @ e a conta penso que era gmail. Mas eu tinha o anotado numa agenda velha e se conseguirmos ultrapassar este pequeno problema de eu não ser sócio e não ter número, penso que se procurar vou acabar por me encontrar essa agenda onde tinha o meu primeiro e-mail e a respectiva password.
Atenciosamente, Mário A. Dias, um consumidor "não sócio" ao vosso dispor.

3 comentários:

Nilredloh disse...

Espectacular!! O Deco, o fazer queixa à DECO da DECO... LOL!!

MP disse...

A DECO é um organismo de defesa do consumidor privado... É por essa razão que pede um número de sócio.
O que procuravas para fazer esta "patifaria" é a associação de defesa do consumidor, esse sim público e sem a necessidade de ser sócio para recorrer a ele.

Anónimo disse...

n~ entendi o comment do Nilredloh.... lol

sincermnte. lol

é k n tem nexo niiinhummm

p.s.- muito bommm a estoria...
"The Drummers"